Prenderam Fabricio Queiroz e isso me deu um grande trabalho. Ninguém pergunta mais onde está Queiroz. A televisão passou a manhã mostrando seus deslocamentos, metro por metro.
Tinha que comentar isto, escrever artigos, tudo ao mesmo tempo. Ver tevê nesses momentos nem sempre é mais produtivo para quem precisa trabalhar com dados.
Eles filmam o carro com o prisioneiro no aeroporto e o acompanham até a prisão. De um modo geral isso é previsível, exceto se o carro capotar ou pegar fogo.
O dia foi muito intenso. Nem prestamos atenção nas 1238 mortes pelo coronavírus. Os níveis continuam muito altos.
Fiquei impressionado com algumas coisas no episódio Queiroz. A primeira delas é a simplicidade caseira do esquema. Escondê-lo numa casa do advogado da família é muito ingênuo.
Lembrou-me o amigo da Sara Winter, procurado pela policia, que foi soltar fogos na frente da penitenciária, em apoio a ela. Prenderam o cara no ato.
Algo que me impressionou também foi Queiroz não ter ouvido a campainha da casa, as seis da manhã. Falta de reflexo. O amanhecer, em todo o Brasil, é o momento em que a policia chega.
Há coisas na cobertura que deveriam melhor calibradas acho. Fala-se muito nas rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro, há o o foco no dinheiro desviado. Mas fala-se pouco nas milícias que Queiroz articulava ali. Milicianos e suas famílias, como Adriano da Nóbrega, morto na Bahia, passaram pelo gabinete de Flávio.
Fala-se muito também que Bolsonaro está preocupado com as preocupações que lhe traz sua família. Ignora-se que o caso Queiroz não nasceu na família Bolsonaro. Foi o próprio Bolsonaro que introduziu Queiroz na sua família.
Esse caso todo começa com o presidente e, certamente, vai acabar nele.
Weintraub caiu. Seu último ato foi revogar uma portaria de cotas para negros e indígenas no pós graduação.
Ele foi o mais desastrado ministro da educação em nossa história. Seu antecessor, o colombiano Velez, disse que os brasileiros são canibais. Mas durou pouco.
Weintraub vai para o Banco Mundial ganhar R$ 1,3 milhão por ano. Eles condenam os órgãos multinacionais, dizem que são instrumento do marxismo para torpedeadar a independência dos países, mas adoram um bom emprego.
Weintraub já é comunista na Austrália, conclui.
Vamos ficar agora com dois ministérios vitais sem ministro efetivo: saúde e educação.
O remédio é criar um novo ministério, o da saudade, para lembrar os tempos em que éramos um país mais sério.
Fonte: Blog do Gabeira