Bolsonaro disse que a vacina não deveria ser obrigatória. Secretária de Comunicações repercutiu sua fala e a inseriu na luta do presidente pelas liberdades individuais.
Foi assim com a máscara. Ele não queria máscara apesar de obrigatória em algumas cidades. Tudo em nome da liberdade pessoal, como aquele procurador de Santos que rasgou a multa e ofendeu os guardas municipais.
O caso da vacina é diferente. O Estatuto do Menor e do Adolescente prevê vacina obrigatória. O programa Bolsa Família exige, como contrapartida, que as crianças sejam vacinadas.
O próprio Bolsonaro sancionou a lei 13779 que prevê vacinação obrigatória no caso da pandemia.
O que deu nele então? Creio que Bolsonaro trabalha muito para seus seguidores na internet. Muitos devem estar seduzidos pelo movimento antivacina que cresceu muito nos últimos anos. Em certos países, ajudou na volta do sarampo que parecia erradicado.
A OMS considera o movimento antivacina um problema de saúde em si, tão grave como os vírus.
Bolsonaro não dá a mínima para a coerência. Seus seguidores, provavelmente, ignoram a lei que ele próprio assinou.
Assim é o mundo da chamada política quântica. As pessoas estão em suas bolhas e só querem saber daquilo que confirma sua visão de mundo.
Um presidente da República que ignora o papel essencial da vacina é preparado para seu cargo? Esta resposta pode ser desfavorável a Bolsonaro em setores mais sensatos e próximos da ciência.
Para mim é sempre um espanto viver nesse mundo onde os valores se estilhaçaram. Mas é o que mundo temos e vamos enfrentá-lo, se possível, vacinados contra a Covid19.
Fonte: Blog do Gabeira