29 de março de 2024
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Petista de direita

Nepotismo, explicaram-me, é quando se indica o parente para um cargo público. Embaixador é cargo político. Portanto, o presidente Bolsonaro não está praticando nepotismo ao indicar o filho Eduardo para a embaixada brasileira em Washington.

Gente, eu adoro as palavras, amo as filigranas que modificam a realidade sem que, em sua essência, a realidade seja modificada. Nepotismo ou não, é errado o presidente enviar o filho para a nossa embaixada mais importante. Essa possível nomeação contraria o discurso de campanha de que todos os cargos seriam ocupados por técnicos, sem apadrinhamentos. O excelente ministério formado confirmou as promessas do presidente. Não precisava, agora, Bolsonaro entregar um bilhete premiado nas mãos do caçula.
O episódio revelou, mais uma vez, a eterna desinformação da esquerda, garantindo que jamais o Ministério das Relações Exteriores viu um cargo de embaixador ser ocupado por alguém fora da carreira. Tolice, isso já aconteceu inúmeras vezes. Sem precisar consultar o Google, lembro de José Aparecido de Oliveira, governo Sarney, e do Senador Jorge Bornhausen, governo FHC, nenhum dos dois diplomatas, que foram embaixadores do Brasil em Portugal.
Alguém que pensa como eu – ou seja, é de centro-direita -, enviou-me uma gravação surreal onde uma voz feminina garante que foi Trump quem escolheu Eduardo. Pessoalmente, não concordo que o presidente norte-americano dê ordens ao Itamaraty. Mas essa gravação deve ser outra bobagem fake rolando nas redes. Sinceramente, espero que seja.
Não quero ser “petista de direita”, como bem definiu uma amiga com quem sempre converso. Não quero, cegamente, apoiar todas as decisões do presidente Bolsonaro, igual faziam e fazem os petistas com Lula. Quero preservar a capacidade de julgar e, de acordo com os meus princípios, elogiar ou criticar o governo. No caso do embaixador às carreiras Eduardo Bolsonaro, critico e criticarei. Indicá-lo para tão alto cargo pode até não ser nepotismo, mas ético também não é. Mesmo que a desculpa para tal nomeação seja, como dizem, a garantia de uma vaga para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
Num país em que a última turma formada pelo Instituto Rio Branco se chama “Marielle Franco”, posso imaginar que não existam muitas opções para tão importante função. Graças a Deus, a turma-vítima-da-sociedade, ainda em fraldas diplomáticas, está fora do páreo.
Acredito que não seria difícil para o presidente achar alguém tão ou mais competente do que Eduardo para o cargo em Washington. Não há a menor necessidade de voltarmos a vender a ideia de que o Brasil é um republiqueta de bananas, onde o que realmente importa é ter o sobrenome certo.
Aos meus amigos de direita, aviso que continuo apoiando o presidente Bolsonaro. Mas manterei, na medida do possível, a visão crítica. Já que toquei no assunto, sugiro aos filhos do presidente mais comedimento. Sou do tempo antigo, aprecio atitudes elegantes, postura distinta, dignidade. Os três me passam a impressão de que desfilam numa comissão de frente de escola de samba. Adoram chamar a atenção da galera.
Para não dizer que não falei de flores, elogio a primeira-dama. Jovem, bonita, simpática, elegante, Michellle Bolsonaro é discretíssima, nota dez. Os meninos Bolsonaro podiam seguir o exemplo dela.

O Boletim

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