25 de abril de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Malícia, sedução & moralismo corporativo

Foto: Arquivo Google – Congresso em Foco – UOL

Hans River é músico. Sua performance na CPMI do Congresso Nacional trouxe à tona o drama de um entre milhares de artistas brasileiros invisíveis para a grande imprensa.
Hoje decidi deixar de lado – em segundo plano – as trapaças e armadilhas do jogo político para me debruçar sobre os aspectos humanos inseridos no depoimento do Hans River.
River era um artista pobre e anônimo antes de se aventurar num ‘biscate’ digital para se manter e patrocinar sua atividade artística e a produção de um livro sobre música.
Em resumo. River era uma ‘Lei Rouanet’ de si mesmo!
Paradoxalmente, foi o ‘biscate’ digital, não o anonimato artístico, que o levou à ruína.
Sua trajetória como ‘biscateiro’ poderia passar em brancas nuvens não fosse a o olhar avestruz do Rui Falcão.
River, foi guinchado do anonimato e, em poucos minutos, ganhou o cenário nacional por conta do fantástico desempenho do Falcão.
Há que se mencionar que a fama repentina do Hans River também se deve à atuação e as perguntas do ‘delegado’ Humberto Costa que levaram o depoente a martelar com mais veemência os pregos no caixão do partido.
Antes da fama, River foi alvo do ‘macarthismo’ corporativo da grande imprensa.
Seu nome foi para a ‘lista’ dos desprezíveis e morféticos. Por conta disso Hans não conseguia mais biscate em terceirizadas do setor digital e caiu em ruína econômica.
Sem grana para comprar insulina humana, utilizada no tratamento da diabetes a fim de controlar a quantidade de açúcar no sangue, Hans foi exposto a tortura adicional de recorrer ao sistema público de saúde para não morrer.
Mas, antes disso tudo, Hans River, se equilibrava financeiramente na função de chipeiro de uma empresa de marketing digital.
Como demonstrou na audiência no Congresso, Hans é um cara pró ativo.
Seu temperamento ‘artístico’ revela um sujeito participativo, que gosta de falar sobre seu trabalho.
Talvez, esse aspecto da sua personalidade tenha o levado a espalhar entre os colegas e a chefia que seu sonho era publicar um livro sobre música. Uau!
Um dado pessoal, que revele uma ambição maior, converte um sujeito em alvo preferencial para quem deseja obter ‘inside information’ para uso tático em campanhas de qualquer natureza.
Uma ambiciosa ‘patricinha’ pode se tornar uma sedutora fatal se seu objetivo é obter dados para montar uma matéria bombástica que lhe traga rendimentos profissionais e prestigio, junto aos seus parceiros de empreitada política.
Por esse ‘foco’ Hans, hoje mentiroso, ontem foi fonte para matéria bombástica da FSP. Tudo num só sujeito!
Não é incomum! Hans não é o primeiro, e não será o último homem, a confundir uma ‘cantada’, falsamente focada no interesse aparente de uma jornalista na obra de um artista – no caso um livro sobre música ou por conta de uma disputa judicial ‘sigilosa’ contra um empregador.Interesses difusos se confundem até com assédio sexual.
Ele tem certeza, e disse com autêntica convicção – para mim ficou claro – que a matéria tendenciosa e oportunista da ‘patricinha’ arruinou sua vida.
Sua revolta contra a manipulação da patricinha se manifestou de forma primaria e pejorativa: sexo.
Contudo, o cinismo blasé dos corporativistas da grande imprensa, que acusam Hans River de misógino, não fica atrás.
Como de praxe, ostentam poder!
Não haverá desculpas.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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