19 de abril de 2024
Adriano de Aquino

Economia Planetária


Alguns grupos, institutos e organizações de análise, síntese e perspectivas das finanças globais são fortes estacas de sustentação do capitalismo global.
Imaginar que alguém ou alguma autoridade, pode surpreender-lhes com propostas inéditas e desconhecidas por alguns dos braços dessas organizações nos encontros, seminários ou fóruns internacionais, me parece ingênuo. O Fórum Econômico de Davos não está fora do radar dessas organizações. Creio que é justo o contrário. Elas são GPS que apontam as tendências, curvas, abismos, paraísos e monumentos desses eventos.
Ler, comentários de supostos progressistas e rever matérias críticas sobre a performance do presidente brasileiro recepcionado em Davos, por uma plateia que reúne os maiores capitalistas, celebridades do mundo empresarial e formadores de opinião do planeta, não tem preço.
Tão grande hipocrisia não resulta em nada, é só desperdício de tempo.
As personalidades, em cargos de decisão da alta cúpula do capitalismo global, não apenas receberam com grande antecedência informações, pesquisas análises e relatórios sobre tendências e perspectivas de negócios dos palestrantes que lá se apresentaram, como já conheciam o perfil detalhado dos oradores.
Volto a repetir o que postei aqui dias atrás, nos posts “Um surfista na pista de sky de Davos / Parte I & 2: “Os maiores capitalistas e os CEO’s das maiores empresas do mundo presentes em Davos, observaram atentamente a objetividade dos palestrantes. Assim devem ter recebido a fala do presidente brasileiro sobre o direcionamento do novo governo brasileiro e suas propostas mais sucintas para a administração econômica do país.
Poucos dados são necessários para se aquilatar se a proposta é menos estatizante, menos burocrática, mais ágil, mais aberta e adequada aos novos tempos. Isso é bacana, mas não é o fundamental. Os financistas, do topo da cadeia alimentar sabem, sobretudo, que para enfrentar os novos desafios do país, o novo governo precisa convencer – de preferência sem comprar – um bando de parlamentares que poluem o Congresso Nacional e que, no tocante às reformas, alguns elevam o preço dos seus votos a favor delas e outros apelam para discursos ideológicos em confronto retórico pueril e infértil contra a economia real.
Pode-se, como sabemos, se falar sobre isso por 6 horas ou 6 minutos e tudo permanecer como sempre foi, sem abalar de fato e na prática a irascível tradição paternalista brasileira. Assim como, em curto espaço de tempo, parte da plateia pode vislumbrar na fala do presidente e do seu ministro da economia oportunidades de negócio mais atraentes.
Quer dizer, para esse tipo de plateia, o orador pode falar pelos cotovelos, usar as metáforas mais sedutoras sem, contudo, tocar no ‘coração’ do ouvinte. Dizem os autores mais astutos que o coração do businessman bate no bolso.
Os investidores internacionais sabem, melhor que muitos brasileiros, que quase todos os membros do Congresso Nacional estão mais para o Fórum Social Mundial, avesso às reformas. Sabem que muitos são adeptos da ‘revolução’ sonhática, contra o liberalismo e visceralmente contra a redução do tamanho do Estado na economia”.
Os grandes da economia global pagaram para participar do Fórum Mundial de Davos. Agora, espero, paguem para ver se as propostas transitadas em reuniões fechadas, resulte em transferência de capital e investimentos no Brasil.
Agora vou continuar me divertindo com as críticas dos doutos em performance para o grande público.
Por falar em performáticos, Bono Vox de novo em Davos. Não perde uma!
PS.: Paradoxalmente, quanto mais leio criticas sobre a performance do Bolsonaro em Davos, a definindo como flácida ,frouxa e bronca, mais o Ibovespa dispara para cima. Hoje a Bolsa bateu novo recorde e se aproximou dos 100.000 pontos. Analistas apontam a escalada como euforia generalizada em relação à economia brasileira que beneficia os papéis das empresas. Será esse paradoxo uma metáfora do mercado de ações para sacanear os ‘especialistas’ das performances em Davos?

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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