29 de março de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

“É esse Davos que eu gosto”

Imagem: Arquivo Google – Iberdrola

“Olha o fascismo aí, minha gente! ” o vozeirão do puxador da Escola de Samba Unidos da Resistência dispara a faísca da explosão da galera para o samba enredo “ É esse Davos que eu gosto”,varar a avenida.
Com a pós-modernidade os grandes temas da arte; morte, beleza, bravura e notáveis personagens da história, tornaram-se banalidades.
Bio-seriados, que focam no simbolismo clássico dos heróis são hoje desovados aos milhares no fluxo de mídia digital. É nesse fluxo que também se cria e distribui mitos de jovens heroínas climáticas e deusas dos shows ‘pops’ de erotismo pós humano.
Com a Internet, a estatização mundialista globalizada empapou a cultura popular. O simbolismo das classes pobres se ajustou aos temas mais trepidantes que excitam as camadas mais ricas do coliseu cultural contemporâneo.

Davos é uma previa do carnaval brasileiro. No desfile de 2020, o tema dos mais ricos do mundo foi a Pobreza.
Em Davos desfilam blocos acadêmicos patrocinados por 2 mil bilionários do mundo. Em riqueza, esses dois mil indivíduos extrapolam o ‘tesouro’ agregado de 60% dos viventes do planeta.
Estudos concluíram que 1% da população global detém mesma riqueza dos 99% restantes.
Curiosamente(🏦) a Pobreza é também o tema escolhido pelos mais pobres do mundo.
Desfilar lindas palavras em Davos e entrar na avenida do samba com blocos de manifestantes em lindas fantasias, propondo soluções estéticas ‘igualitárias’ contra a pobreza, não tem preço💳
Sobretudo se os algozes dos resistentes progressistas são os conservadores que, ao contrário do que se supõe, são igualmente vítimas da política do ‘laissez faire’ (vale tudo) onde o Estado forte(sic)finge que faz alguma coisa para reduzir a acumulação de tesouros pessoais que se expandiram a tal ponto de se tornarem mais grandiosos que dos antigos monarcas, velhos ícones da simbologia popular carnavalesca.
Que filisteus, faraós ou imperatrizes, que nada. Eles já eram!
As fantasias das escolas ativistas para carnaval 2020 seguem a mesma motivação da dos bilionários de Davos. A temática é a POBREZA, tendo como pano de fundo o fumegante cenário nazi/fascista redesenhado como enredo doidão para ilustrar a batalha do Fim do Mundo.

As alas da militância progressista urbana, fantasiadas de ‘sem-terra’, deverão levar à loucura o público da passarela. O sambódromo virá abaixo com o desfile da comissão de frente com astros do ‘showbiz’. Tendo enxadas como adereços e boné do MST como coroa tipo a do rei negro Shabaka, líder do povo ‘cush’ do sul do Nilo que venceu os velhos faraós e tomou o poder no antigo Egito.
Afinal, bonés do MST e enxadas, como itens do simbolismo cultural dos bacanas, contribui muito mais para a ‘luta’ contra a pobreza, que a ‘inútil’ e estafante atividade de roçar um descampado.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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