25 de abril de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Décadas & décadas

Como coleciono décadas, decidi planejar o resto da minha existência sob o prisma das reflexões e significados sócio/político/ culturais das décadas passadas.
Não conheço mais ninguém vivo capaz de ter clareza e sobretudo saco para se prestar a fazer críticas comparativas entre os anos 20 do século XX e as possíveis repetências dos mesmos erros nos anos vinte do século XXI que agora se inicia.
Então, decidi recorrer ao excelente livro “ A Sagração da Primavera’ do historiador Modris Eksteins, com tradução de Rosaura Eichenberg, publicado pela editora Rocco em 1992 e – lamentavelmente – esgotado nas livrarias.
Do capítulo ‘PARA QUE NÃO ESQUEÇAMOS’(pags. 323>333) extrai esses trechos(fotos).




As preocupantes circunstâncias atuais, marcadas por extremismos tanto em esfera nacional como global é um castigo recorrente à espécie humana que se submete à formas perversas para retardar, recalcar e prejudicar as conquistas e avanços decorrentes do processo civilizatório, repetindo – com estúpida convicção – suas mais devastadoras certezas.
No alvorecer dos anos 20 do século XX, o poeta Paul Valéry disse uma verdade que vale por mil certezas. Passados quase cem anos, ainda pulsa o paradoxo então vigente frente ao vasto acervo de certezas: “ A mente na verdade foi cruelmente ferida… Duvida profundamente de si mesma.”
Os movimentos artísticos culturais que espocaram no início do Século XX e que culminaram nas rupturas com o velho sistema, posteriormente estudados como Vanguarda Histórica, foi o ponto de partida do historiador para análises e reflexões sobre os cenários onde se desenrolaram os combates estéticos ‘novo versus tradição’, estopim da Primeira Grande Guerra.
Nesse livro, Eksteins reúne as peças do jogo de motivos, recalques e confrontos que poucos anos depois voltaria a ameaçar a civilização com a versão mais avassaladora, mortífera e atroz da Segunda Grande Guerra.
Pretendo continuar acreditando na civilização! Que os anos 20 do Século XXI – maioridade da Cultura Digital, da Era do Conhecimento e das tecnologias da informação – inspirem as mentes a pensar, estimulando um maior numero pessoas a se tornarem protagonistas das mudanças que se estenderão em benefícios aos remanescentes do atraso, sempre lembrados pelos arautos da hipocrisia mas, de fato, por eles providencialmente ‘esquecidos’ nos grotões do passado.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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